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6 Mitos da Pílula Contracetiva

empoderamento literacia corporal métodos contracetivos métodos hormonais pílula contracetiva saúde feminina May 02, 2023
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Crescemos, frequentemente, rodeadas de desinformação que nos incutem como verdade científica. Como consequência, é raro tomarmos decisões informadas e conscientes em benefício da saúde do nosso corpo. Posto isto, os métodos de contraceção hormonal (sendo a pílula contracetiva o mais utilizado) são-nos apresentados como a solução mais prática para problemas de saúde reprodutora. São, também, identificados como a única opção viável para uma mulher se proteger da gravidez indesejada.

Ainda que os métodos hormonais tenham as suas vantagens no que diz respeito à liberdade sexual feminina, também acarretam consequências.

Acima de tudo, é importante notar que não há certo e errado no que toca à escolha do método contracetivo. Passamos por diversas fases ao longo da vida e, como tal, temos diferentes necessidades. É completamente válido optar pela pílula (ou outro método hormonal) como contracetivo se te faz sentido. No entanto, deve ser uma escolha informada, consciente e tua.

Ainda assim, se não te fizer sentido, fica a saber que tens mais opções, igualmente eficazes.

Neste artigo desmistificaremos 6 mitos sobre os métodos contracetivos hormonais.

Nota: Falamos da pílula por ser o mais comum, mas aplicam-se a qualquer método que atue de forma hormonal no corpo feminino.

 

 1. Regulam o ciclo menstrual…

Os métodos hormonais atuam através da influência de estrogénio e progesterona sintéticos que alteram a flutuação natural das nossas hormonas cíclicas. Isto irá mantê-las, por norma, a um nível fixo e resulta, entre outras consequências, na supressão da ovulação por obstrução do processo hormonal que a despoleta. Uma vez que a menstruação é um fenómeno que ocorre como resultado direto da ovulação, não ovulando, não menstruamos! Desse modo, os métodos contracetivos hormonais não regularizam a menstruação, mas sim suprimem-na.

 

2. Reduz o fluxo menstrual e encurta a duração da menstruação…

Inegavelmente, quando o corpo está subjugado ao efeito da contraceção hormonal, não existe ciclo menstrual. Assim, também não existe uma redução no fluxo menstrual.

Então o que é o sangue que ocorre quando pausamos o contracetivo?

É, na verdade, um sangramento de privação hormonal, derivado da suspensão hormonal que acontece quando, por exemplo na pílula, fazemos a “pausa dos 7 dias”. É frequente que, passados cerca de 3 dias após a paragem da toma que tenhas algum sangramento.

Entretanto, isso nem sempre acontece. Nos contracetivos em que essa pausa não é feita (como o implante, o DIU, a injeção ou as pílulas de 28 dias⑴), é pouco costume existir sangue. Por outro lado, imensas mulheres relatam sangramentos inesperados e irregulares (algumas até hemorragias abundantes e dolorosas) que ocorrem sob efeito destes métodos.

Todos estes tipos de sangramento são hemorragias de privação ou disfunção hormonal e não podem, portanto, ser consideradas menstruação.

 

3. Tratam/Curam sintomas desagradáveis (acne, dores menstruais e outros sintomas desagradáveis)…

Não é assim que funciona.

Afirma-se que os contracetivos hormonais, como a pílula combinada, podem “tratar” ou “curar” uma série de desregulações hormonais. Mas porquê as aspas?

Simples.

Enquanto existem, de facto, casos em que as perturbações desaparecem após abandonarmos o contracetivo (acne, excesso de sebo, hirsutismo e dismenorreia), essa não é a norma. A realidade da maioria das mulheres que sofriam destes males antes da pílula, é voltar a ser contactar com eles.

Uma vez que as hormonas vão estagnar os níveis de androgénios (ex. testosterona) no nosso corpo por direta supressão da ovulação, a produção de pelos e sebácea vai diminuir. Por sua vez, quando deixamos de tomar a pílula, as hormonas vão desregular-se novamente. Para inúmeras mulheres, o corpo nunca teve sequer a chance de se autorregular por iniciarem o contracetivo ainda antes de terem uma vida sexual ativa. Assim sendo, pode, facilmente, existir uma produção em excesso para compensar o desequilíbrio. Ainda mais, se a causa for complexa (ex. endometriose/adenomiose, miomas uterinos síndrome dos ovários poliquísticos), os sintomas não irão desaparecer até a condição ser tratado de forma adequada.

 

4. Não altera a líbido…

A testosterona é responsável, tanto nos homens como nas mulheres, pelo bom desempenho sexual e na líbido. Portanto, não é de admirar que a sua depleção, causada pela anovulação sob efeito dos contracetivos hormonais, afete direta e negativamente a líbido das mulheres.

De facto, muitas mulheres relatam conviver com uma sexualidade e vida conjugal afetada pelo decréscimo no nível da líbido.

 

5. São mais eficazes do que os métodos não-hormonais…

Os métodos contracetivos livres de hormonas compreendem métodos de barreira, químicos (como o espermicida), cirúrgicos, o coito interrompido, o DIU de cobre e os MNPF.

Ao nível de uso perfeito, as taxas de eficácia dos métodos hormonais e alguns não-hormonais são extremamente próximas. Já com uso típico… também.

Por exemplo, a taxa de eficácia de uso perfeito da pílula é de 99%, semelhante à do MPF sinto-térmico (99%), enquanto de outros métodos naturais é entre 95-99%. As taxas dos método de barreira preservativo masculino, preservativo feminino e coito interrompido são de 98%, 95% e 96% respetivamente.

Com uso típico, ambos os tipos de métodos possuem cerca de 70-80% de eficácia. A pílula possui uma eficácia de 93% e o método natural sinto-térmico de 97-98% de eficácia!

Os métodos cirúrgicos têm uma taxa de eficácia de 99% em ambos os usos, apesar de este não ser uma opção considerada por mulheres em idade fértil.

A verdade é que a eficácia dos métodos contracetivos, naturais ou não, assentam, em grande parte, na responsabilidade, consistência e boa utilização do mesmo.

 

6. São opções seguras para a saúde…

Sem dúvida, as pílulas e outros contracetivos hormonais dos dias de hoje são, em comparação com meados do século XX, data em que começaram a surgir, extremamente menos prejudiciais à saúde feminina e com a possibilidade de efeitos secundários também diminuída.

No entanto, isso não significa que não sejam prejudiciais à saúde a longo (e até curto) prazo.

Não nos tornam inférteis e apresentam vantagens. Ainda assim, os impactos que têm em nós, físico, e psicoemocional, são um problema real.

São incontáveis os sintomas dos quais as mulheres se queixam: enxaquecas, náuseas e sensibilidade mamária frequente; aumento de peso e inchaço; fortes oscilações de humor e alterações comportamentais; diminuição do desejo sexual (líbido) e secura vaginal.

Para além destes, existem ainda problemas que as mulheres não “veem” de imediato, tais como deficiência nutricional (zinco, magnésio, ácido fólico), inflamação constante no corpo (caso do DIU de cobre), aumento do risco de problemas hepáticos, de hipertensão e de doenças tromboembólicas (extremamente frequentes).

Deste modo, conseguimos entender a quantidade de desinformação que tem vindo a circular de geração em geração, apesar dos avanços científicos, e que se repercute no seio familiar, escolar e, nos dias de hoje, na maior fonte de informação: a internet.

 

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Chamadas também de pílula de amamentação ou minipílula.
⑵ Ausência de ovulação.
Métodos naturais de perceção de fertilidade.